Bom dia, caçadores!
Tudo bem com vocês?
Como disse, temos no blog a nova coluna
Caça Autores, que ainda não possui dia definido, portanto hoje teremos mais uma
entrevista com a linda Adriana Aguiar!
Confiram:
Caçadora de livros: Preto
Adriana: Azul
1 - Quem
é Adriana Aguiar?
Resp.: A
pessoa que mais convivo durante o meu dia; aprendi a ser minha parceira; a me
acostumar com minhas manias (são muitas); a tentar conviver pacificamente com
esta montanha russa ambulante que vive dentro de mim. Na maioria das vezes, ser
a Adriana, tem sido uma tarefa bacana, eu me curto, sabe; gosto das coisas que
aprendi a descobrir em mim que até então eram desconhecidas, com o tempo,
aprendi a ouvir mais, a observar melhor o mundo e as pessoas a minha volta, mas
ainda trago aquela menina de tranças escondida, tomando sorvete e buscando um
colinho. Aprendi muito com meus filhos; eles foram a minha escola; demorei em
ser mãe, eles já tinham nascido e tempos depois me dei conta disso, hoje, são
minhas referências.
A Adriana é bem isso, das muitas coisas que
escrevo, sempre deixo alguns pedaçinhos meus expostos; questionadora,
sentimentalista, choro vendo propaganda de creme dental. Quando amo, amo,
quando não aprecio, simplesmente, o que desaprecio se torna inexistente a mim.
Gosto de pessoas; gosto de tocá-las, de senti-las, saber como vivem, como
sentem, o que desejam, elas são as maiores responsáveis pelas coisas que
escrevo, principalmente aquelas, como uma música da Adriana Calcanhoto, senhas,
diz assim - “eu gosto de quem tem fome, dos que morrem de vontade; dos que
secam de desejo, dos que ardem..." Esta música retrata bem, o motor
combustor movido em mim.
2 - Quem
te iniciou na literatura?
Resp: Meus pais tiveram muita participação nisso. Eu tenho um certo fascínio
pelas letras, e isso foi bem caracterizado em minha infância. Aos quatro anos
de idade, sem saber ler, eu pegava as cartas que minha avó havia mandado para a
minha mãe, e tentava ler o que estava escrito, achava lindos símbolos, como não
conseguia entender, eu desenhava o que imaginaria estar escrito. Aos seis anos,
aprendi a ler, e desde aí, nunca mais parei; meus pais compravam enciclopédias
infantis e uma coleção de biografia de personalidades famosas, eu lia tudo, de
barsa a bula de remédio; nunca dei atenção às distrações normais que uma menina
da minha idade poderia se divertir; nunca gostei de brinquedo, ou cirandas;
gostava de brincar na estante da sala, e foi lá, que comecei a escrever meus
primeiros livros. Aos sete anos, com uma literatura infantil escrita, concorri
em minha escola a um premio infantil e venci, representando meu colégio a nível
estadual, e também ganhei o concurso. Depois aos treze, escrevia romances para
adolescentes, mas sentia-me intimidada em mostrar as pessoas, coisas da
idade... Sempre gostei muito de me jogar para os meus textos, diluir até a
última gota de intensidade, e para esta idade complicada, eu achava que as
pessoas não iriam entender o que eu estava querendo transmitir, achando-me meio
maluca ou algo assim. O meu grande ídolo na adolescência foi José de Alencar, e
na fase adulta, trompei os olhos em um texto que li e reli umas vinte vezes,
não consegui parar de ler, depois, lia diariamente, só depois fui descobrir de
que se tratava de Clarice Lispector, me apaixonei e não consegui mais ficar lê-la
um dia se quer, mesmo que já tenha lido, eu retorno a mesma leitura, ela é
incrível, e para mim, uma deusa, inimitável, pois ela é o próprio mito.
3 - Como
surgiu a idéia de escrever livros?
Resp: A idéia foi
à solidão que existe dentro dos escritores. Eu me sentia extremamente só, e não
entendia o porquê me afastava sempre para ficar na introspecção. Toda vez que
eu me sentia assim, eu estava com um caderno e uma caneta nas mãos, tentando
escrever, nem se fosse os detalhes da cadeira velha que tinha em meu quarto,
tentando dar sentimento a aquele objeto, e por nela, uma personagem e em
seguida, imaginá-la em algum lugar onde minha imaginação poderia levá-la, diferentemente
de onde estava,a experiência era fantástica. Eu me afastava para poder
escrever; observar, degustar as imagens, vozes, cores, etc... Escrever foi algo
natural que aconteceu em minha vida.
4 - Quando
surgiu a idéia do 1º livro?
Resp: O
primeiro livro, foi o infantil, que já discorri na primeira pergunta,
porém, o primeiro livro que tive a intenção de publicar, O VOO DA ESTIRPE, o
qual a Fernanda, fez com tanta mestria a resenha, surgiu em momento muito
crítico de minha vida, estava passando por uma série de complicações com minha
saúde, havia acabado de ter pela segunda vez, um derrame, e meu rosto, na época
estava com seqüelas, com dificuldades de comer e falar, sorrir, já não sorria a
três meses por conta da paralisação nos lábios; eu havia parado de escrever
pelas circunstancias que estava passando, um casamento conturbado, seguido de
separação e depois, os dois derrames, voltei a escrever, e demorei um ano para
terminar o livro, porque muitas vezes, era necessário absorver coragem para
expor os sentimentos da personagem, sem diluir-me nas entrelinhas, então eu
fazia pesquisa de campo com as pessoas, saia, tentava saber como elas se
sentiam em tal situação, e ia depois experimentando como seria, se eu estivesse
dentro de tal pessoa, como é sentir como se fosse ela... Sofremos uma enchente
na minha casa, e quase tudo que tínhamos, perdemos, inclusive meus originais.
Tive que recomeçar o livro me baseando no roteiro que tenho o hábito de fazer a
cada vez que inicio um trabalho; e assim nasceu, o vôo da estirpe.
5 - Como
está a corrida para a publicação dos livros?
Resp.: Nossa...
Isso se transformou em uma idéia fixa na minha cabeça. Posso até não conseguir
o alvo, e se um dia morrer sem conseguir, sei que meus amigos ou filhos irão
passar adiante o meu original, mas nada melhor do que você conseguir realizar
isso como algo que faz parte da continuidade de um sonho. Não teria sentido
para um escritor, escrever sem ter quem o leia; seria como o médico se formar,
sem ter seus pacientes; o advogado peticionar, sem ter quem representar e o
engenheiro construir, sem ter quem usar a sua idéia, embora ser escritor não é
uma profissão, vejo um livro em mão, o sonho concluído, o eu interior,
conhecido como ego, ter alcançado a sua meta, eu faço desta luta, um ideal
longe do sofisma; não pretendo ludibriar as pessoas com mentiras contadas, e
sim, saber que consegui fazer disto, uma realização pessoal concluída.
6 - Como
foi à recepção entre os blogs literários?
Resp: Quero
aproveitar e deixar um grande abraço para os blogs, e dizer que em minhas
andanças atrás de editoras, foi maravilhoso saber o quanto os blogs hoje são
reconhecidos, porque as próprias editoras dependem de nossas amigas e parceiras
blogueiras para estarem divulgando as obras, e que a maioria das vendas de
livros hoje, vem oriundo dos trabalhos desses blogs, que ao meu ver, deveriam
pelo menos ganhar um reconhecimento a mais por este trabalho, pois estão
fortalecendo as vendas, cada vez mais, mesmo que ainda em passos lentos de
venda de livros no Brasil, para as editoras aumentarem o seu patrimônio (apenas
uma opinião).
As blogueiras deste Brasil varonil
sempre me receberam muito bem, com muito carinho, respeito pelo trabalho, com o
mesmo afeto, falam e nos ajudam a divulgar o nosso trabalho, e vou dizer uma
coisa, e digo de coração, se todos os escritores tivessem
sua própria condição de editar de modo independente seu próprio
livro, não precisariam correr léguas atrás das editoras tradicionais, pois, o
trabalho que essas meninas fazem com o livro da gente, só faltam editar, porque
não há nada feito com tanto amor, como vejo as resenhas, tão bem preparadas,
trabalho e dedicação por amor àquilo que se faz, e nada mais, os nossos anjos
da guarda, viu, colegas escritores!
Sei que falo muito, mas preciso e não
posso deixar de contar algo que me aconteceu; um tempo antes de pedir a
Fernanda para resenhar o meu livro, havia procurado pelas tais celebridades, e
uma delas, não é preciso citar o nome, respondeu ao meu email, confundindo-me
com uma amiga de um amigo seu, alguém que também escrevia, e era iniciante, mas
cujo amigo, outra celebridade, era amigo deste que procurei, e ele pensou que
era uma indicação deste amigo, e me recebeu com muita cordialidade, se
prontificou com esmero ao resenhar e prefaciar meu trabalho, ocorreu que ele
entrou em contato com este amigo, e veio a saber que estava se equivocando,
acreditando eu ser, a amiga deste amigo, por termos o mesmo nome, isso tudo
depois de ter lido o meu livro e dito que estava maravilhoso. Conclusão, ele me
mandou um email, dizendo que havia se equivocado, e que não faria o que havia
proposto, pois eu não era a amiga de seu amigo que ele estava imaginando, me
desejando uma boa sorte com meu livro. Fiquei muito chateada, evidentemente, e
resolvi pedir ajuda aos anjos dos escritores, foi quando me encontrei com
Fernanda, e ela aceitou de imediato, divulgou em seu blog e foi tudo
maravilhoso. Acho que nem preciso dizer mais nada... Os diamantes estão tão
próximos que não consigo enxergar, por não acreditar que estavam ali o tempo
todo...
7 - E
com as Editoras?
Resp.: A
recepção, foi justamente o comentário que fiz para uma matéria da revista
Época, os editores vivem enchendo o ego dos escritores internacionais, sempre
tratando os escritores renomados com lisonja, e nós, da classe C, os escritores
de pés no chão, cobrando os currículos latter, ou seja, que tenha passado em
concursos literários reconhecidos; que tenha sido indicado por alguma
celebridade literária, porque o negócio para uma editora comercial, é bem
diferente do afã de um autor do livro que ela está publicando; com nós, fica o
sonho subjetivo, o glamour, a magia lírica que isso nos molda, mas o que molda
uma editora, é o que molda qualquer outra empresa de marketing, o capitalismo é
senhor dos tempos, se dá valor naquilo que o dinheiro já norteia; elas não
estão a fim de apostar nos talentos, mesmo que reconhecidos por elas como uma
boa escrita, ou coisa assim, em um contrato de risco, que não vai lhe rentar
como seria se fosse editar para alguém que já vende, que já é conhecido o
trabalho, para eles, um contrato com autores desconhecidos, é um
contrato suicida. Uma editora é uma personalidade jurídica de direito,
elas não tem alma, ou coração, não vão se emocionar se eu for contar a minha
história triste na luta para publicar meu livro; descobri então que o jeito, é
o jeito que elas exigem, ler muito, estudar muito e escrever todos os dias para
participar de concursos literários que possam reconhecer um dia o meu talento,
lembrando que Machado de Assis; a própria Clarice Lispector e vários outros
demoraram na faixa de vinte anos para chegarem onde conseguiram, e naquela
época, não existiam tantos concursos e meios para se envolver, então, estou aí,
na luta nossa de cada dia, inscrita em concursos de cabo a rabo para encontrar
a chave secreta que abrirá a porta para as minhas letras.
8- Através
das suas experiências, o autor iniciante possui quais desvantagens?
Resp.: A desvantagem é somente o tempo que não
corre a seu favor; demora-se muito, mas só alcança a vitória aquele que
insiste, persiste, pisa no pé, leva pisada, perde sua roupa mas não desiste
nunca... Não existe escritor melhor que outro, nem há parâmetros de
compará-los, pois cada um, trás em si o traço de sua personalidade literária,
seu estilo próprio; a única desvantagem, é o tempo que ele leva para mostrar o
seu trabalho, contribuindo com o crescimento da humanidade. Na verdade mesmo,
quem sempre perde mais, é o leitor que está lá, esperando por nos ler. O
escritor sempre escreverá, tendo ou não seus livros sendo lidos.
9 - Deseja
falar algo para os leitores da Caçadora de Livros?
Resp.: Sim,
claro!!! De tudo que falei até agora sobre os blogs e sua cooperação em massa
para com o trabalho de amor, que é a missão de ajudar o Brasil a ler mais,
quero ressaltar em ênfase, sou fã deste blog, e tenho uma certa intuição de que
ele fará um papel muito importante na realização do meu sonho, como tem sido
feito para muitos outros escritores que estão tendo os seus livros divulgados
lá, muitas vezes, nem tem conhecimento, pois o livro chega lá através da
editora, em muitos dos casos, mas este carinho, esta simplicidade; esta
sinceridade em fazer parte, em contribuir com altruísmo, eu só posso dizer que
encontrei em blogs como o da Caçadora de Livros. Se vocês querem saber como
chegam até vocês esses livros que fazem parte da historia da vida de vocês,
deixei aqui, nesta entrevista, escrito todo o trajeto, desde o momento em que
ele foi apenas uma idéia, até chegar a ter uma capa e ser enviado via
correio para olhos sedentos de conhecimento, como os meus, por exemplo. Quero
pedir para que participem mais; vamos ajudar na mesma reciprocidade a estas
meninas, pois elas realmente, fazem tudo que fazem, pelo mais profundo amor
pela literatura, com um único desejo, que esses livros cheguem até nós e mudem
de alguma forma a nossa vida. São intermediadoras de felicidade.
11 - Algum pensamento ou
frase de efeito?
Resp.: Existe
uma frase simples, eu a leio sempre, pois ela tem sido muito importante em
minha luta literária, ela diz assim: "O que se deseja é sempre mais
valioso do que o que se alcança." Frase de Garibaldino de Andrade,
um menestrel escritor português. Agradeço a você, Fernanda, por tudo
que tem feito pelos escritores brasileiros, eu disse, e digo, que você é uma
peça muito importante no reconhecimento de nosso trabalho, como o pão e como a
água... Muita sorte, muita energia boa a você, e de mãos dadas, sempre
chegaremos a algum lugar.
Obrigada Adriana pela entrevista!
E muito sucesso na sua carreira, pois
você merece!
Para conhecerem mais sobre o trabalho
da Adriana, acessem:
Twitter: @PoetizaSph
E a resenha de o Vôo da Estirpe: http://www.cacadoradelivros.com/2011/06/resenha-o-voo-da-estirpe-adriana-aguiar.html
Beijos e comentem! =*
6 comentários:
Que lindaaaa!!!!
Fernanda, você sempre fazendo-me surpresas, e hoje, logo de manhã ao acordar, senti que coisas boas me reservavam este dia, e olhando em teu blog a nossa entrevista, o que tenho a dizer a mais, sobre as coisas que já disse, é que você é simplesmente, MARAVILHOSA!
muito obrigada por tudo...
Adriana
Hey (:
Poxa, que bacana a entrevista. Ainda não conhecia essa autora, parece ser muito simpática. E é, muitas editoras ainda não dão valor aos escritores nacionais :/ Vamos esperar que isso mude, né?
Beijos, Vanessa.
This Adorable Thing
nossa que autora bacana ^^ super entrevista ate me empolguei de ler o livro dela ^^ bjs
Não conhecia a Adriana
mas gostei muito da entrevista dela.
Adorei o recado dela para os leitores do Caçadora a frase final é linda e vdd..."São intermediadoras de felicidade".
Parabéns Feh por mais uma entrevista linda!
@Agda01
Poxa, não conhecia a Adriana, mas gostei MUITO da entrevista dela. Acho que de todas as entrevistas que eu li, essa foi a que mais continha emoção. Gostei mesmo.
Parabéns!
Beijos
Conjunto da Obra.
bacana a entrevista :)
parabéns amiga
arrasando como sempre
bjos
Raffa Fustagno
http://livrosminhaterapia.blogspot.com/
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